CANCER DE MAMA

Vespera do meu aniversario a mais de 6 anos atras fui diagnosticada com cancer de mama. Na epoca tinha uma filha com quase 4 anos e meu primeiro pensamento quando a medica me disse, foi o seguinte: "Não posso morrer, pois minha filha ja nao tem o pai presente, portanto ela nao pode ficar sem a mae. e eu nao vou morrer." Apesar de saber da generosidade da minha familia, que a criariam com todos os mimos, eu nao a deixaria. Hoje passei o dia todo lembrando que tenho que marcar retorno ä mastologista e obvio ja escrevi na minha agenda este compromisso importante para amanha. Passei um dia agradavel com minha filha, fomos fazer supermercado, pois vimos uma receita de couve flor com camarao ontem que ela pediu para eu fazer para ela; fomos ao zoologico pois estavamos muito curiosas com o aquario do Rio Sao Francisco, ensaiamos um numero musical do Chimarutes para ela apresentar amanha na semana da criança, enfim passamos o dia todo muito juntinhas e de forma muito agradavel. Depois que ela foi dormir, fui organizar minha agenda para esta semana e terminei tudo por volta de 23horas, quando desliguei o computador e fui ver um pouco de televisao. Coloquei no Discovery Home and Health e estava passando um programa sobre cancer de mama; e a primeira entrevista que vi foi de uma paciente de 57 anos que teve cancer de mama a mais de 10 anos e agora houve uma reincidencia. Acho que nunca chorei depois do meu diagnostico, apesar de ter passado por todas as etapas do tratamento, quadrantectomia, quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia. Pensava que eu tinha 3 aliados para me ajudar na cura: Deus, minha vontade de ficar curada e a medicina. Lembro que apos a primeira quimioterapia, minha irma que trabalha no hospital Odilon Berhens em BH, me convidou para fazer uma palestra sobre Etica, etiqueta e postura profissional. E eu pensava que esta palestra tinha que acontecer antes de ficar careca, pois ia falar um pouco de estetica e beleza e tinha que estar bonita para falar do assunto. Meu cabelo começou a cair logo depois da palestra, no mesmo dia e fiquei preocupada com a reaçao da minha filha. Sabia que um amigo que morava no memso predio que eu tinha uma maquina da cortar cabelo. Passei na casa dele e decidi que minha filha nao ia me ver careca. Peguei a maquina, cheguei em casa e falei com ela: "Filha, cansei deste cabelo e vou mudar; voce me ajuda? Vou raspar a cabeça para ver se nasce um diferente." Ela adorou a ideia e junto com meu amigo rasparam minha cabeça. Na epoca eu tinha acabado de montar um salao de beleza e procurava andar bem arrumadinha para passar a ideia de que eu era fashion e nao doente. Minha familia é muito unida e o tempo todo nos apoiammos uns aos outros, mas eu passei por todo o tratamento indo äs consultas, sessoes de quimioterapia e radioterapia sozinha, nunca pedi a eles que me acompanhassem porque nao achava mesmo que fosse necessario.Na reportagem que estava assistindo, ouvi uma paciente falando de que sempre foi acompanhada e comecei a pensar porque sempre dispensei a companhia de quem quer que fosse. Depois de começar a ver a reportagem tive que ligar o computador e escrever, pois acho que estou com medo e nao tenho coragem de falar isto para ninguem. Como disse no começo, nunca tinha chorado por este motivo e agora nao paro de chorar. Melhor: PAREI!!!!!